JONES ABREU SCHNEIDER
JONES ABREU SCHNEIDER
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J.Abreu
foto Luana Fonteles
EROS IMPURO
Crítica
Por Júlio Durães
"De obsessões são feitas as artes, talvez as guerras e muitos amores. De obsessões, eu fiquei diante de um teatro que me impulsionou a rever alguns fantasmas que sopram aos ouvidos de tanta gente. Poderia dizer que Eros Impuro é uma montagem sobre a pedofilia, sobre o abuso sexual que macula tanta gente. Seria reduzi-la a um tema, quando vejo em cena um turbilhão que assola a cabeça do personagem. Ele bate com força parecendo querer colocá-los todos em seu devido lugar. Mas tudo está esquizofrênico, como o corpo, a mente desse personagem ocupado por um trabalho magistral desse ator, J. Abreu. Ele conduz em seu corpo a energia dos que enlouqueceram ou beijaram apaixonado a boca da loucura. Eros Impuro é a prova de um teatro que inquieta e incomoda. Estava no dia em que um casal não suportou saber que a cruz teve origem erótica. Eles saíram do teatro e eu naquele instante vi que a “arte pode derrubar corpos no chão”, pode “dar um pulo num abismo sem fim”. Fui agarrado pelo texto e direção de Sérgio Maggio, num primor de trabalho, pela força da interpretação de J. Abreu e pela narrativa que me arrastou por um túnel que não sabia onde iria dar. Quero ainda agradecer ao esmero do cenário, da luz, do figurino que me remeteu de imediato ao Bispo do Rosário e os vídeos. O que encerra a peça é uma pequena obra-prima, dentro dessa joia maior que é Eros Impuro."
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