vídeo amador gravado por Jones de Abreu
Bibi Ferreira tem o dom e a permissão de brincar com o tempo. De pé no palco histórico onde estreou Gota d’água (1975), ela vence, com a altivez de uma sacerdotisa, os 70 minutos do espetáculo Bibi in concert. A mulher de 90 anos se transmuta numa menina de “13 ou 14 anos lá do século 17” para desfiar a memória, que se materializa diante da plateia apinhada do Theatro Net Rio (antigo Tereza Rachel) em carne viva e recheada de lembranças e de esquecimentos.
É essa atriz, humana e mitificada como um fenômeno, que surge diante de olhos encantados, que se arregalam quando o corpo ri e quase desaparecem ao marejar de emoção. “Obrigado, todos nós daqui (do palco) agradecemos muito. Ah, vocês se contentam com pouco. Os americanos fazem isso muito melhor”, brinca, diante de palmas efusivas, gargalhadas dobradas e gritos de “bravo, bravíssimo”.
Dona de um humor fino e cortante, Bibi Ferreira está à frente de uma orquestra majestosa, comandada pelo maestro Flávio Leite. É um momento especialíssimo em uma gloriosa e única carreira no teatro nacional. “Não me lembro da última vez em que cantei assim, rodeada de músicos como estes”. Com uma delicadeza ímpar, o regente não só constrói arranjos grandiloquentes para a voz potente de Bibi, como é o mestre de cerimônias do espetáculo. É ele que, num diálogo quase íntimo, puxa a ponta do fio da memória para que a mulher de 90 anos estique e brinque como uma garotinha. “E os musicais Bibi? Você foi a primeira a fazer no Brasil”, lembra Flávio. “Ah, os musicais... Fiz Alô, Dolly! O homem de La Mancha, My fair Lady...”, responde Bibi, emendando com uma crônica engraçadíssima sobre o tema, para depois, explodir musicalmente em uma sequência de arrepiar a espinha.
Eclética, passeia por temas do cinema da era de ouro de Hollywood, pelos musicais da Broadway e por inacreditáveis árias de ópera cantadas com letras de samba (La Traviata abrigou perfeitamente os versos de Palpite infeliz, de Noel Rosa). Segue com tangos, samba de breque, bossa nova, samba-canção, transitando por cinco línguas (espanhola, francesa, italiana, inglesa e portuguesa, do Brasil e de Portugal). “O meu primeiro idioma foi o espanhol. Minha mãe era argentina e me levou com apenas 1 ano de idade para morar em Buenos Aires”, revela.
Atriz e cantora indissociáveis, que recria Elizete Cardoso, Amália Rodrigues e Piaf (“esta, aliás, tem me sustentado nos últimos 30 anos”, brinca), Bibi se agiganta a cada sequência do espetáculo. É inalcansável no momento em que encarna Joana, de Gota D´água, obra-prima de Chico Buarque e Paulo Pontes. Puxa do cantinho da memória um dos solilóquios da personagem inspirada na trágica Medeia e ganha uma proporção indescritível no palco. Há um silêncio quase absoluto, quebrado apenas por um ou outro soluço de choro.
Neste momento, lá de atrás no balcão, onde conseguiu duas suadas entradas extras, a poeta e servidora da Câmara dos Deputados Isolda Marinho lacrimeja ao lado do marido, o contador e maratonista Geraldo de Souza. Os dois, que vieram ao Rio para amenizar a saudade do filho Davi, estudante da UFRJ, estão pela primeira vez diante do mito/mulher Bibi. “Chorei o tempo inteiro. Era como se ela cantasse para mim”, confessa Isolda, enquanto o companheiro se adianta para revelar às redes sociais um instante que vai levar pra sempre no cantinho da memória, este magnífico templo que abriga o deus-tempo, o guia e mentor de Bibi Ferreira.
É essa atriz, humana e mitificada como um fenômeno, que surge diante de olhos encantados, que se arregalam quando o corpo ri e quase desaparecem ao marejar de emoção. “Obrigado, todos nós daqui (do palco) agradecemos muito. Ah, vocês se contentam com pouco. Os americanos fazem isso muito melhor”, brinca, diante de palmas efusivas, gargalhadas dobradas e gritos de “bravo, bravíssimo”.
Dona de um humor fino e cortante, Bibi Ferreira está à frente de uma orquestra majestosa, comandada pelo maestro Flávio Leite. É um momento especialíssimo em uma gloriosa e única carreira no teatro nacional. “Não me lembro da última vez em que cantei assim, rodeada de músicos como estes”. Com uma delicadeza ímpar, o regente não só constrói arranjos grandiloquentes para a voz potente de Bibi, como é o mestre de cerimônias do espetáculo. É ele que, num diálogo quase íntimo, puxa a ponta do fio da memória para que a mulher de 90 anos estique e brinque como uma garotinha. “E os musicais Bibi? Você foi a primeira a fazer no Brasil”, lembra Flávio. “Ah, os musicais... Fiz Alô, Dolly! O homem de La Mancha, My fair Lady...”, responde Bibi, emendando com uma crônica engraçadíssima sobre o tema, para depois, explodir musicalmente em uma sequência de arrepiar a espinha.
Eclética, passeia por temas do cinema da era de ouro de Hollywood, pelos musicais da Broadway e por inacreditáveis árias de ópera cantadas com letras de samba (La Traviata abrigou perfeitamente os versos de Palpite infeliz, de Noel Rosa). Segue com tangos, samba de breque, bossa nova, samba-canção, transitando por cinco línguas (espanhola, francesa, italiana, inglesa e portuguesa, do Brasil e de Portugal). “O meu primeiro idioma foi o espanhol. Minha mãe era argentina e me levou com apenas 1 ano de idade para morar em Buenos Aires”, revela.
Atriz e cantora indissociáveis, que recria Elizete Cardoso, Amália Rodrigues e Piaf (“esta, aliás, tem me sustentado nos últimos 30 anos”, brinca), Bibi se agiganta a cada sequência do espetáculo. É inalcansável no momento em que encarna Joana, de Gota D´água, obra-prima de Chico Buarque e Paulo Pontes. Puxa do cantinho da memória um dos solilóquios da personagem inspirada na trágica Medeia e ganha uma proporção indescritível no palco. Há um silêncio quase absoluto, quebrado apenas por um ou outro soluço de choro.
Neste momento, lá de atrás no balcão, onde conseguiu duas suadas entradas extras, a poeta e servidora da Câmara dos Deputados Isolda Marinho lacrimeja ao lado do marido, o contador e maratonista Geraldo de Souza. Os dois, que vieram ao Rio para amenizar a saudade do filho Davi, estudante da UFRJ, estão pela primeira vez diante do mito/mulher Bibi. “Chorei o tempo inteiro. Era como se ela cantasse para mim”, confessa Isolda, enquanto o companheiro se adianta para revelar às redes sociais um instante que vai levar pra sempre no cantinho da memória, este magnífico templo que abriga o deus-tempo, o guia e mentor de Bibi Ferreira.